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Hipócrates (460 - 377
a.C.), o Médico mais importante da Antigüidade; é considerado o "Pai
da Medicina". Seu nome é associado ao juramento hipocrático, embora
seja bem possível que ele não tenha sido o autor do documento. Na
verdade, das quase 70 obras que compõem o "Corpus hippocraticum",
é possível que ele tenha escrito apenas seis. A maior parte desses
textos foi escrita entre 420 e 350 a.C. e ajudou a definir as origens
da tradição médica do Ocidente. Escritas por muitas mãos e exibindo
diversos estilos e posições teóricas, as obras hipocráticas tratam de
muitos aspectos da doença e da saúde, incluindo o diagnóstico, a
cirurgia, a higiene e a terapêutica.
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Entre as mais significativas idéias
hipocráticas estava a de que a doença tem causas naturais, não sendo
um evento provocado pelos deuses ou por forças sobrenaturais. Um dos
trabalhos discorre sobre a epilepsia, argumentando que essa doença
resulta de bloqueios no cérebro. Outro examina o papel das condições
ambientais no aparecimento das moléstias no indivíduo e de epidemias
na comunidade.
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A doutrina hipocrática dos humores
(sangue, bílis amarela, bílis preta e fleuma), elaborada em "A
Natureza do Homem" e outros trabalhos, diz que a saúde é o resultado
do equilíbrio desses quatro humores e a doença resulta do
desequilíbrio entre eles. Os hipocráticos interpretavam vários
sintomas de doença (vômito, tosse, suor excessivo, urina escura e
outros) como a tentativa do corpo de se livrar do excesso ou da falta
dos humores. O papel do médico era ajudar a natureza através de
medicamentos, sangrias, mudanças na dieta, massagens e outras medidas.
Para fazer isso, ele precisava saber qual era o equilíbrio humoral de
cada paciente individual. A doutrina dos humores foi a base de boa
parte da prática médica até o século XIX.
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"Eu juro, por Apolo Médico, por
Esculápio, Higeia e Panaceia, e tomo por testemunhas todos os deuses e
todas as deusas, cumprir segundo meu poder e minha razão, a promessa
que se segue:
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estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte;
fazer vida comum e , se necessário for, com ele partilhar meus bens;
ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se
eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem
compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de
todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos
inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
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Aplicarei os regimes para o bem do
doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou
mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um
conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher
uma substância abortiva.
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Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
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Não praticarei a talha, mesmo sobre
um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso
cuidam.
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Em toda casa, aí entrarei para o
bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda
a sedução sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os
homens livres ou escravizados.
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Àquilo que no exercício ou fora do
exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou
ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente
secreto.
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Se eu cumprir este juramento com
fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha
profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar
ou infringir, o contrário aconteça." |